Michinori Inagaki (1943-2022) habitou durante longo tempo uin espaço imaginário. E lá, por definição, tudo era possível. Havia um espaço infmito para a atuação e tudo se alargava com o simples gesto. A cada momento, Michinori Inagaki acreditava aumentar as propostas, conceitos e limites da arte. Inagaki, como acontece nos espaços imaginários, trabalhava em torno do não-ser. Contudo, o sonho e o exercício de uma vanguarda tão estruturada e oficial parece que levou muitos artistas a perceber que os espaços imaginários são excessivamente subjetivos. Entre a descrição de uma ação e o objeto vai a mesma distância que existe entre o projeto e a concretitude. Michinori Inagaki, como muitos artistas de sua geração, fmalmente trocou de habitação. Agora o seu espaço é o real, um espaço flllito que tem os mesmos limites das coisas. O que obriga Michinori Inagaki a substituir o não-ser pelo ser. Desta maneira, este artista ainda jovem, de boa formação acadêmica, participante ativo das expel'llllentações de vanguarda, dedicou-se a pintar, isto é, a criar objetos, ou seja, a estabelecer novos seres no seu espaço real. E o que pinta Michinori Inagaki? Ele procurou a natureza, retornou ao princípio, às formas naturais. Desta maneira, Inagaki usa como motivo os modelos vegetais. A sua maneira de trabalhar procura a valorização do modelo e o estudo detalhado de suas particularidades. O artista deseja observar e registrar a verdade da natureza. Evidentemente, esta verdade não é tão deflllitiva pois também a natureza existe em processo, em permanente mutação. Mas o artista inicia a sua meditação sobre o ser e recolhe os elementos da natureza, segundo a sua observação mais imediata. Trata-se de um invep.tário, de uma verificação das coisas existentes. E a excurção na concretitude. Para esta elaboração, Michinori Inagaki está preparado. Ele é paciente e metódico, dedicado e contemplativo. A sua palheta procura acentuar as cores dominantes do modelo em plena luz e a sua composição estabelece-se a partir do enquadramento fotográfico. Inagaki pinta, portanto, modelos naturais e o faz o mais objetivamente possível. Isto é, sem dúvida, o ato de pintar é realizado e filtrado por uma personalidade humana, mas a ênfase é dada na visão convencional do modelo representado e não na emoção do artista. Este reencontro do artista com os instrumentos tradicionais· da arte, oferece as particularidades e diferenciadores da nossa época. O enquadramento fotográfico, a secura e o anti-lirismo no arranjo do motiv.o, o dose cinematográfico, a aproximação excessiva entre o observador e o observado, a transformação do objeto observado em individualidade e personalidade.
Jacob Klintowitz Setembro de 1979
Exposições Coletivas
1969 - 10ª Bienal Internacional de São Paulo
1970 – Pré bienal de São Paulo
1974 – Bienal Nacional
1975 - 13ª Bienal Internacional de São Paulo
1976 – Arte Agora I
1977 - 14ª Bienal Internacional de São Paulo
1978 – 3 Gerações de Artistas Nipo Brasileiros
1982 – 5º Salão de Artes Plásticas da Noroeste
1987 – Exposição de Arte Contemporânea
1988 – Chapel Arte Show