Segmentos, Cássio Lázaro

Na década de 90, durante entrevista que nos concedeu, Manabu Mabe afirmou
que, para ele, “pintar é brincar e brigar ao mesmo tempo”. E explicou:
“brincar com as formas, as cores, as cadências e as texturas e brigar com
elas, junto”. Ao analisar a obra escultórica de Cássio Lázaro, esta lembrança
emergiu naturalmente das dobras da memória. Porque a postura de Mabe
em relação à sua pintura coincide perfeitamente com o comportamento
obstinado de Cássio Lázaro em relação à escultura que ele realiza.
O ateliê-oficina de Cássio Lázaro, localizado no bairro Jardim Eliane, zona
leste de São Paulo, remete a uma indústria metalúrgica, na qual matérias primas
se transformam em produtos finais pela utilização da força humana, de
máquinas e da energia. Contando com uma equipe de cinco assistentes, ele é
um ser onipresente em todas as partes da oficina, contígua à sua residência.
Passa a maior parte de seu tempo cortando placas de aço com plasma, amassando-
as com uma marreta, soldando-as, dando acabamento nas peças com
uma lixa elétrica, pintando-as com tinta automotiva, orientando o trabalho
dos auxiliares e controlando os resultados. É um profissional visceralmente
comprometido com seu trabalho e que gosta do que faz. “Não consigo ficar
três dias longe daqui; este é o meu lugar; esta é a minha vida”, afirma.

 

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