O dourado nas obras de arte

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Talvez um dos principais trunfos de O Beijo, de Gustav Klimt (1862-1918), seja como o artista utilize o dourado como parte fulcral da excelência da pintura. A partir do exemplo de obra tão paradigmática na história da arte, podemos perceber outros artistas, também no Brasil, que se utilizam de tal cromatismo para destacar seus trabalhos.

Na Galeria de Arte André, podemos citar alguns que desenvolveram com muita habilidade o dourado por meio de linguagens distintas, como a escultura e a pintura. Bruno Giorgi (1905-1993) foi um deles, que a partir do bronze conseguiu explorar o tom em obras tridimensionais. Mais recentemente, nesse suporte, podemos citar as contribuições de Virgínia Sé e Moysés Melin.  Já na pintura, é interessante lembrarmos das séries de Kenji Fukuda a explorar tal cor.

Bruno Giorgi, déc. 70, bronze polido

 

Fukuda, 2020, técnica mista sobre placa

Na contemporaneidade podemos citar Virgínia Sé e Mellin como artistas que produzem esculturas singulares em dourado.

Tríade circular vazada, 2020 de Moysés Mellin

 

 

Abstrato, Virgínia Sé

A arquiteta Bianka Mugnatto, destacada profissional na decoração de interiores, conversou com a André sobre a utilização do dourado em variados campos.

Galeria de Arte André - Quais os detalhes na decoração que são importantes na composição de obras de arte de cor dourada? Existe alguma regra?

Bianka Mugnatto - Em se tratando de obras de arte, na minha opinião, ela por si sustenta sua plenitude em qualquer circunstância. Obra de arte difere de um objeto decorativo. No entanto, a obra de arte quando tem o seu entorno preparado para recebê-la é claro que poderá potencializar sua beleza ou seu conceito. O metal dourado, seja com brilho ou fosco, traz uma elegância ao espaço principalmente se o fundo for escuro e a peça  puder receber um foco de luz, natural ou artificial, bem apropriado.

GA - Qual a simbologia do dourado na decoração?

Bianka - O dourado remete ao ouro, metal que dentro da linguagem estética sugere luxo, poder e sofisticação. Ao possuir objetos com esse acabamento, o ambiente pode ganhar uma personalidade de requinte e exclusividade.

 

 

 

 

GA -  O que você acha de telas pintadas com dourado?

Bianka Mugnatto - Gosto muito quando sou surpreendida pela criatividade dos artistas. O pó ou a folha de ouro, associados a formas bem equilibradas e sobretudo com contraste de luz e sombra, podem criar uma dimensão extraordinária ao espaço. Sempre gostei de telas amplas, porém confesso que venho preferindo obras de arte que trazem personalidade e irreverência ao ambiente. Na composição dos ambientes, adoto o critério de entender a mensagem da obra de arte e é por meio desse caminho que preparo o ambiente para recebê-la. Pode ser um objeto de parede, uma tela, uma escultura.

GA - Como decorar com dourado de forma atemporal?

Bianka - Não uso regras, mas sim uma análise detalhada do contexto com muito senso crítico, técnica com base na iluminação, na forma ou cor da obra de arte. Hoje vejo que muitos colocam grandes telas  que preenchem logo o espaço, mas, muitas vezes já coloquei obras de arte de dimensões reduzidas valorizadas por uma iluminação cênica em uma grande parede preta. O resultado é impactante, altamente elegante, muito personalizado, a ponto de reforçar que aquela obra é um objeto de desejo altamente disputado e com teor tão dramático que a torna absolutamente exclusiva.

 

 

 

A Woman in Gold, 1907, Gustav Klimt

 

 

 

 

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