Antonio Augusto Marx ganha próxima edição de Monográficas
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A Galeria de Arte André organiza novamente o projeto Monográficas e a sua sexta edição tem o foco na produção de Antonio Augusto Marx (1919-2008). O gênero predominante é o da paisagem, em que o artista exibe habilidade técnica invejável com o óleo. A abertura está prevista para ocorrer em 26 de abril.
O programa tem o objetivo de exibir com mais fôlego a obra de artistas de reconhecido valor (e que, por vezes, estão com visibilidade menos ostensiva dentro do circuito) que se relacionam com a própria história da galeria, já com 66 anos de atividade na cidade de São Paulo. As mostras anteriores do programa foram dedicadas a Carlos Scliar (1920-2001), Enrico Bianco (1918-2013), Iracema Arditi (1924-2006), Armando Sendin (1928-2020) e José Moraes (1921-2003). A organização é de Mario Gioia, crítico de arte e curador independente.
Marinha, Antonio Augusto Marx - Óleo sobre tela
Apesar de uma faceta expressionista e das naturezas-mortas de flores, a produção de paisagens é indubitavelmente o terreno em que Antonio Augusto Marx mais exercia talento e habilidade. Por tal recorte de obra, o artista carioca que se radicou em São Paulo era considerado um dos grandes paisagistas na arte brasileira. "Marx é, sobretudo, uma paisagista. Um paisagista extremamente sensível, que nunca desenvolveu um clichê, um maneirismo, uma fórmula para interpretar toda paisagem da mesma maneira, como fazem alguns pintores, até de muito renome", escreve o crítico de arte e poeta Theon Spanudis (1915-1986) no ano de 1980.
Na Galeria de Arte André, Marx expôs em numerosas coletivas e ganhou individual em 1986, com texto de Jacob Klintowitz. No catálogo, cujo texto está reproduzido no livro comemorativo de 60 anos do espaço, o crítico de arte enfatiza a importância da natureza no corpus de sua obra. "Marx faz paisagens. E a ele cabe, neste recanto do planeta, descobrir valores espirituais e afetivos na paisagem e transformar esta intuição numa realidade artística", escreve o crítico. "Não basta ser superficialmente fiel ao modelo, é fundamental inventá-lo. A identidade da natureza na arte. É esta a magnífica jornada do pintor Marx."
Remanso, Antonio Augusto Marx - Óleo sobre tela
Filho de engenheiro civil e nascido no Rio de Janeiro, passa a morar na capital paulista com a família quando tem sete anos, em 1926. Começa a cursar arquitetura no Mackenzie em 1944 e já no ano seguinte, trabalha como desenhista na área. A prática de pintura vai começar nesse período.
Em 1947, um grande marco: participa da coletiva 19 Pintores, que vai ser um destaque no circuito por muito tempo. Sediada na galeria Prestes Maia, centro de SP, a mostra teve um público de cerca de 50 mil visitantes e sedimentou a carreira de nomes que estavam no início de carreira, como Marx, Aldemir Martins (1922-2006), Flávio Shiró, Jorge Mori (1932-2018), Luiz Sacilotto (1924-2003) Maria Leontina (1917-1984) e Octávio Araújo (1926-2015), entre outros. O júri da premiação foi composto por Anita Malfatti (1889-1964), Di Cavalcanti (1897-1976) e Lasar Segall (1889-1957).
A Capela, Antonio Augusto Marx - Óleo sobre tela
Spanudis já alertara para a qualidade das marinhas do artista. "As marinhas, como as suas outras paisagens, são altamente estéticas e poéticas", diz ele, em 1980. E levanta alguns artistas como influência, como Cézanne (1839-1906) e Van Dongen (1877-1968). Em 1988, é lançado livro fundamental sobre a sua obra, da autoria de Enock Sacramento e publicado pela editora Salamandra.
Paisagem, Antonio Augusto Marx - Óleo sobre tela
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