Gruber dá perspectiva a uma outra metrópole
Gregório Gruber (Santos, SP, 1951) transitou pela música e pelo multimídia no início da formação artística, contudo se notabilizou pela destacada mirada autoral e lírica da metrópole paulistana, em especial nos registros do Centro. A arquitetura que sobressai entre poder e desgaste, energia e esvaziamento, por entre planos, volumes e cromatismos particulares, pode ser vista em diferentes linguagens, como a pintura, a gravura e o desenho.
Gregório Gruber - s.d. (Capella Editorial)
Filho do célebre artista Mário Gruber (1927-2011), começa a se destacar nos anos 1970, depois de passar um ano no curso de artes plásticas da Faap e estudar em Paris. Protagoniza uma individual no Masp (Museu de Arte de São Paulo), em 1974, que vai catalisar variados convites em prestigiadas instituições e com trabalhos passando a fazer parte de relevantes coleções.
“A recente exposição de Gregório Gruber no Museu de Arte de São Paulo permitiu aos meios artísticos de São Paulo, assim como ao público, tomar conhecimento da importância da obra já realizada pelo jovem artista, que se afirma como uma das personalidades mais autênticas e rigorosas do hiper-realismo brasileiro”, escreve em texto datado de 13 de outubro de 1974 na Folha de S. Paulo o crítico Mário Schenberg (1914-1990). “A arte de Gregório surgiu como forma de descoberta do seu ambiente urbano, com a luz azulada característica das ruas do centro de São Paulo.”
Sem título, Gregório Gruber - Serigrafia - s.d.
Nas décadas seguintes, continua em sua prolífica produção, com individuais e participações em coletivas constantes. A última individual foi aberta em agosto deste 2023 na São Paulo Flutuante, em que Gruber exibiu cerca de 40 obras, em distintas linguagens. Numa visada mais recente, de 2007, Veronica Stigger assinala: “Em Gregório, a paisagem citadina é frequentemente recoberta por uma névoa. A névoa desfaz a nitidez e, de uma certa forma, frustra a expectativa de ‘realismo’. São Paulo vai, aos poucos, deixando de ser São Paulo. Por meio do constante enevoado, Gregório sugere um sutil apagamento da cidade”.
A Galeria de Arte André possui no acervo um conjunto de nove serigrafias, bastante representativo do estilo do artista.
Sem título, Gregório Gruber - Serigrafia - s.d.
Fotos
Compartilhe