O modernismo lírico de Guignard

 

Alberto da Veiga Guignard (1896-1962) é indubitavelmente um dos maiores nomes da história da arte brasileira. Dotado de um imenso talento que se manifestava na pintura em diferentes gêneros, como a paisagem, o retrato, a natureza-morta e a arte sacra, entre outros, assinou inúmeras obras-primas. Nascido em Nova Friburgo, RJ, vai ter atuação destacada na capital fluminense, decisiva formação na Alemanha e, ao final da vida, influência ampla na formação de importantes artistas em Belo Horizonte.

 

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Auto-retrato_Alberto Guignard_Óleo sobre tela_1931

(Museu de Arte Contemporânea da USP, SP)

 

De 1917 a 1923, já radicado em Munique, vai estudar com dois nomes influentes: Hermann Groeber (1865-1935) e Adolf Hengeler (1863-1927). Em 1924, se dirige a Firenze, onde passará mais uma temporada de estudos. Volta para o Rio no ano do crash, em 1929, quando se integra ao circuito da época com a ajuda de nomes como o de Ismael Nery (1900-1934). Nessa etapa da sua trajetória, Guignard também absorve elementos do estilo de nomes da nova objetividade alemã, que se distanciava do expressionismo anterior, e de artistas de obra bastante peculiar, como o francês Henri Rousseau (1844-1910). O artista também pintava móveis, painéis, objetos diversos e, por exemplo, deixou a marca em ambientes do Hotel Donati (antes chamava-se Repouso), em Itatiaia (RJ) onde morou por alguns anos.

Com sua obra sempre inquieta, em 1943, forma o Grupo Guignard com estudantes do porte de Iberê Camargo (1914-1994), Geza Heller (1902-1992) e Vera Bocayuva Mindlin (1920-1985) e que se encontrava em ateliê na rua Marquês de Abrantes, no Flamengo. A incendiária coletiva que organizam no Diretório Acadêmico da Escola Nacional de Belas Artes, em outubro de 1943, é fechada por ação de grupos de ultradireita, inclusive com trabalhos sendo danificados. No entanto, a ABI (Associação Brasileira de Imprensa) sedia posteriormente a mostra, também com grande repercussão.

O caráter vanguardista e histórico apenas encontra eco na exposição do Grupo Dissidentes, em BH, no ano de 1944, que também resulta em reações exasperadas como o atentado a obras na coletiva que expunha trabalhos de nomes como o de José Moraes (1921-2003) – um dos temas de exposição dedicada ao artista dentro do projeto Monográficas, na galeria, em 2023.

Na capital mineira, à frente de escola de artes que receberia seu nome, forma nomes incontestáveis da arte brasileira, como Amilcar de Castro (1920-2002), Mary Vieira (1927-2001) e Lygia Clark (1920-1988).

A Galeria de Arte André tem no acervo atualmente duas telas de grande qualidade do artista, uma de temática religiosa - São Sebastião (1961) - e um incrível retrato – Maria do Carmo (1960).

 

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São Sebastião_Alberto Guignard_Técnica mista sobre tela_1961

 

 

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Maria do Carmo_Alberto Guignard_Óleo sobre tela_1960

 

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Galeria de Arte André
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