Burle Marx, para além do paisagismo

Roberto Burle Marx (1909-1994) pode ser considerado um dos principais nomes do paisagismo no Brasil. Mas sua atuação não esteve circunscrita aos croquis de alguns dos mais inovadores projetos de verde no país. O artista paulistano radicado no Rio de Janeiro e que viveu por alguns anos em Recife (PE) morou em Berlim e teve contato com artistas importantes das vanguardas nos anos 1920. E sua atuação multifacetada incluiu as atividades de arquiteto, desenhista, gravador, pintor e autor de obras têxteis, entre outras facetas.

 

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Roberto Burle Marx. Foto: Ivan Cardoso.

MAM, 2023. Disponível em: Roberto Burle Marx – MAM Rio. Acesso em: 09/09/2023.

 

Numerosas exposições recentes têm se focado no legado decisivo do artista. Roberto Burle Marx – 100 Anos, com curadoria de Lauro Cavalcanti (Casa Roberto Marinho, ex-Paço Imperial), exibiu no MAM-SP (Museu de Arte Moderna de São Paulo) no ano de 2009 essa qualidade de “poliedro humano”, como o curador assinalou. Já em Paisagem Construída: São Paulo e Burle Marx, a curadoria de Guilherme Wisnik, Helena Severo e Isabela Ono centrou os seus esforços acerca dos projetos pensados para espaços na cidade de São Paulo, realizados ou que ficaram só nos papéis. A mostra ocorreu no Centro Cultural Fiesp em 2022.

 

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NYBG, 2023. Disponível em: Brazilian Modern: The Living Art of Roberto Burle Marx at NYBG. Acesso em: 09/09/2023.

 

No Rio, já inicia sua atividade profissional ao lado do central Gregori Warchavchik (1896-1972) no programa da Residência Schwartz, em Copacabana, no ano de 1932, casa projetada por Lucio Costa (1902-1998). Entre 1934 e 1937, dirigiu o Setor de Parques e Jardins da Diretoria de Arquitetura e Urbanismo do Governo do Estado de Pernambuco sob a coordenação do arquiteto Luís Nunes. Dessa época, se destaca o projeto do Cactário da Madalena, na praça Euclides da Cunha, com espécies típicas da caatinga, por exemplo. Também assinou o projeto da praça Faria Neves, em Dois Irmãos, na zona norte da capital pernambucana, outro projeto bastante singular.

Na área mais diretamente ligada às artes visuais, tem aulas nos anos 1930 com Portinari (1903-1962), de quem mais tarde será assistente. E, até a década de 1960, vai ser autor de alguns projetos centrais no paisagismo moderno brasileiro, como Pampulha, em Belo Horizonte, MEC e MAM Rio, na capital fluminense, entre os mais conhecidos, e Praça da Independência, em João Pessoa (PB), e Fazenda Marambaia, em Petrópolis (RJ), não tão incensados.

A Galeria de Arte André possui atualmente no acervo uma bela natureza-morta de autoria do artista, originária da década de 1940, um bom período e que já indica uma passagem para o abstracionismo geométrico que o conquistaria nas décadas seguintes.

 

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Natureza morta, Burle Marx - Déc. 50

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Galeria de Arte André
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