Os cruzamentos entre design de letras, artes visuais e pichação

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“É uma Copa do Mundo disputada, com certeza. No entanto, uma coisa que chamou minha atenção foi a parte de trás das camisas da seleção brasileira. Os números dos jogadores têm um ângulo particular do grafite de pichação de São Paulo.” Assim o designer, diretor de arte e pesquisador do universo da arte de rua Tristan Manco, radicado em Londres, postou na sua conta do Instagram, no fim de novembro, a particular tipografia das camisas oficiais da seleção brasileira de futebol, eliminada nas quartas de finais pela Croácia na Copa do Mundo do Catar deste 2022.

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Tipografia presente na camiseta oficial da seleção brasileira na Copa do Mundo da FIFA Catar 2022
 

A nota atesta o quanto universos anteriormente distintos, como as artes visuais, o design e a pichação, hoje têm elementos que se relacionam e geram manifestações novas no cânone plástico contemporâneo. Autor de livros referenciais nessa pesquisa, como Street Sketchbook, Street Sketchbook - Journeys, Graffiti Brasil e Stencil Graffiti, Tristan escolheu imagens do time junto da torcida ao final de partida da primeira fase e de pichadores em ação no que parece uma fábrica (ou similar) abandonada em SP. A escolha da empresa de materiais esportivos oficial do Brasil comprova como o mainstream da publicidade etc já se apropria de uma cultura anteriormente colocada à margem.

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Capa do livro "Street Sketchbook - Journeys", de Tristan Manco
 

Um evento que marcou conexões antes nem imaginadas entre esses universos foi a edição de 2012 da Bienal de Berlim. Com curadoria do artista polonês Artur Smijewski, o grupo paulistano Pixação foi convidado para a mostra e, no que seria um workshop, picharam a igreja de Santa Elizabeth e jogaram tinta em Smijewski. O grupo já tinha sido convidado a participar da Bienal de São Paulo, em 2010, e já fizera ações semelhantes e polêmicas.

A letragem popular também virou fonte para investigações artísticas variadas. O paulistano Filipe Grimaldi mescla referência de artes visuais, design e intervenção urbana para criar uma obra própria, em poética marcadamente contemporânea.

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Coragem, Filipe Grimaldi - 2020

 

Fontes:

https://www.instagram.com/p/Clibz6uo5ba/

https://m.folha.uol.com.br/ilustrada/2012/06/1104025-paulista-picha-curador-da-bienal-de-berlim.shtml

https://galeriandre.com.br/blog-interna/21/-a-letra-popular-de-grimaldi/

 

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