História
Ninguém pode precisamente dizer aonde foram feitos os primeiros tapetes. Talvez nas tribos nômades da Ásia Central que, por necessidade de se protegerem contra o frio e a umidade da região, utilizavam a princípio, peles formando desenhos e, posteriormente a lã. Historiadores atribuem às peles de veados a origem dos desenhos dos tapetes orientais, com seus pequenos nós de tufos de lã, formando uma espécie de manta. Os primordiais grupos de tecidos foram achados nos solos do antigo Egito, de Akhimin a Faiyun. Com pontos fortes e apertados, os tecidos eram usados para enfeitar paredes. Os pontos eram feitos normalmente com linho felpudo mas podemos achar pontos feitos com lã. Durante escavações feitas pelo arqueologista S. J. Rudenko, no vale de Altai (Alto Gornes), Sul da Sibéria, de 1947/49, foi encontrado um tapete extremamente conservado na sepultura de um Príncipe de Altai, que viveu no século V a.c. Antes mesmo do término da construção da sepultura, ladrões conseguiram entrar nas salas de tesouros e roubaram metais, pedras e objetos preciosos, mas um tapete foi deixado.
Algum tempo depois, o quarto mortuário do príncipe se encheu completamente de água que brotou da terra. Por sorte a água se tornou gelo e o tapete deixado pelos ladrões foi congelado, mantendo-o num estágio de conservação inacreditável. O tapete feito de lã, que é um material perecível, só foi conservado devido ao congelamento desta água. Todo o brilho e as cores do tapete estavam intactos. Esse tapete está exposto no Hermitage Museum de Leningrado e mede 1,83 x 2,00m. Esse tapete é único exemplo do alto nível artesanal dos tapetes de mais de 2500 anos atrás. O uso dos tapetes feitos a mão demorou para se estabelecer na Europa, de início, eram usados pendurados nas paredes das casas dos nobres e das pessoas mais abastadas. Com certeza a idéia de se colocar um tapete no chão é razoavelmente nova.
Pouco antes do século XVIII, somente os mais abastados podiam gastar tanto para tal. Alguns tapetes eram exportados para a Europa e outros mais finos continuavam na Pérsia. Durante a dinastia Sefavide a arquitetura, a pintura, a cerâmica e toda a indústria têxtil atingiram um altíssimo nível influenciando muito o estilo do tapete persa dos séculos XVI e XVII. Toda essa riqueza e delicadeza de ornamentos, coloração incomparável e maravilhosa técnica pode ser vista em vários museus espalhados por toda a Europa e estados Unidos.
TAPETES ORIENTAIS HOJE: OS CINCO GRUPOS PRINCIPAIS
Por conveniência foi necessário fazer uma classificação por um método. Eles podem ser agrupados de acordo com seus desenhos: medalhões, cenas de caça, vasos de flores, desenhos geométricos ou de oração. Outro método classificatório é considerar se os tapetes foram feitos por tribos nômades, semi-nômades, ou por artesãos com oficinas fixas. O método mais comum ainda é o de separar os tapetes conforme a sua região de origem como fazemos logo abaixo:
1 – Turkomans
São os populares “tapetes vermelhos”, compreendendo os Turkoman, os Afgans e os Beluchistans feitos por nômades e semi-nômades na região da Ásia central. Vivendo nas montanhas eles criam ovelhas e cabras de onde tiram a lã, material necessário para o feitio dos tapetes. O vermelho tão marcante dos tapetes do escarlate ao tom mais denso. Cor esta encontrada em abundância na região; extraída de plantas como a Madder (Rubia Tinctorium), a beterraba, da fruta romã, etc… uma outra razão para o uso da cor vermelha ́e fato dela amenizar a luminosidade de dentro das tendas, causada pela incidência do sol sobre a lona. O tapete colocado no chão, como uma forração, absorve o excesso de luz, descansando a vista.
2 – Turcos (Anatólios) - Esse tipo de tapete é considerado bastante comum.
Os tapetes turcos mais antigos tinham seus desenhos compostos de animais estilizados e geométricos. O tempo fez com que os desenhos se enriquecessem passando a formarem também, desenhos florais, cuja influência foi da arte persa da dinastia Sefavid. Após a instituição do alcorão para os moslemos é raro encontrar tapetes com desenhos de animais ou de homens. As cores dominantes dos tapetes, são o vermelho e o azul; sendo o verde uma cor sagrada é quase sempre encontrada nos tapetes de oração ou nos tapetes feitos mais recentemente. No início da década de 80 a Turquia recebeu farta migração de artesão de origem iraniana, fator este que está beneficiando a qualidade dos tapetes turcos.
3 – Indianos, Pakistaneses e Chineses (formam um grupo)
Os Indianos
Em meados do século XVI o grande imperador mongol Akbar trouxe artesãos da Pérsia para a Índia. Estes deveriam produzir tapetes muito parecidos com os Iranianos, em seus desenhos e cores. A qualidade de qualquer tapete depende do tipo de lã usada. O tingimento da lã é feito agora em grande quantidade para manter a uniformidade das cores. É interessante também citar que o trabalho de tecer os tapetes é realmente feito por mulheres, sendo possível de se ver de duas a quatro mulheres trabalhando no mesmo tapete.
Os Pakistaneses
Para os tapetes produzidos nesta região são usadas lãs finas (produzidas industrialmente) e muito fácil de serem trabalhadas. Sua Qualidade é razoavelmente boa, mas tendo um ponto negativo, os tapetes se tornam fracos. O pakistão é um tapete bastante comum na Europa, pois seu preço é razoavelmente barato devido a facilidade do artesanato.
Os Chineses
Os símbolos utilizados pelos chineses em seus tapetes são algo bem mais antigo do que a técnica usada para tecê-los e não tem nada parecido com outros tapetes produzidos em outros países. Ao contrário dos outros, os chineses utilizavam os mesmos motivos encontrados em suas porcelanas, jades, bronzes e marfins. As cores mais encontradas nos tapetes chineses são amarelo e azul, ambos variando do tom mais claro ao mais escuro. O vermelho e o verde algumas vezes aparecem nos tapetes mais antigos, mas do mesmo modo que o azul e o amarelo, tem várias tonalidades. É muito comum encontrarmos três variações de uma mesma cor num mesmo tapete.
4 – Caucasianos
Esses tapetes vêm da região montanhosa existente entre o Mar Negro e o Cáspio. Em 1813, essa região foi conquistada pelos russos e depois passou a pertencer a Pérsia. Com o passar dos anos, pessoas das mais diversas regiões como: Turquia, Armênia e tribos turcas da Ásia Central, estabeleceram-se no Caucasus, tornando-o uma região de diversas tribos e línguas. Apesar desta mistura de povos, os tapetes caucasianos tem várias características em comum, quer sejam feitos no sul ou no norte das montanhas. Montanhas estas que dividem a região tornando o acesso quase inacessível. Esse fato ajudou a preservar a tradição dos desenhos e cores dos tapetes. O nó ghiordes é usado em todos os lugares e os tapetes têm, normalmente, sua trama feita de lã e algodão, e mais raramente de linho. As cores dominantes dos tapetes caucasianos são: vermelho, azul, amarelo, verde e marfim; tendo algumas vezes um pouco de marrom. Seus desenhos são caracterizados por formas geométricas bem definidas. A combinação dos desenhos permite que os tapetes sejam completamente diferentes entre si. As estrelas, quadrados e suásticas formam grande parte dessas combinações e muitas vezes são acompanhadas por flores e figuras humanas todas desenhadas geometricamente; com ângulos bem definidos e de difícil identificação. A delicadeza das flores dos tapetes Iranianos, tornam-se flores de linhas fortes e ângulos severos nos tapetes caucasianos.
Hoje em dia a produção é feita de forma bem harmônica (conforme a região). Os novos tapetes são de alta qualidade com seus nós regulares e lã muito boa. Seus desenhos continuam rígidos como a séculos atrás, tendo uma excelente apresentação estética com as cores e harmonia do desenho. São os tapetes mais procurados no mercado.
5 – Persas ou Iranianos
No Iran, os tapetes são feitos em oficinas localizadas nas cidades ou por nômades espalhados por todo o país. Toda as famílias de tapetes têm características de origem oriental, cada qual com suas particularidades regionais e estilo próprio. É muito comum ver o chão das casas completamente cobertos por tapetes, das casas mais ricas às mais pobres, só variando as qualidade dos tapetes. Existe na região um provérbio que diz: “Quando mais rico é o persa, mais rico é o seu tapete”. Para os iranos é muito mais fácil dispor vários tapetes no chão do que acarpetar um ambiente e quando os moradores resolvem se mudar, podem reaproveitar os mesmos tapetes apenas dispondo-os de outra maneira. As mesquitas sempre tiveram lindos tapetes, grande parte ganhos de pessoas ricas. Maomé impôs aos Moslemos que orassem cinco vezes por dia: ao sol nascer, ao meio dia, às quatro horas, ao sol se por e uma hora após o poente. Para tal cerimônia eles tinham que direcionar a ponta do desenho do tapete, chamada de Mahrib, para Mecca, cidade onde Maomé nasceu. De acordo como profeta, todo o moslemo deveria ir a Mecca pelo menos uma vez na vida, para visitar Kaaba, a sagrada praça que tem no seu centro uma pedra preta (provavelmente um meteorito). Conta a lenda que esta pedra foi dada a Abraham pelo Arcanjo Gabriel, por isso os visitantes de Kaaba tem que andar sete vezes ao redor da praça e beijar a pedra sagrada a cada volta.
Nos desenhos dos tapetes de oração podemos encontrar quadrados representando a pedra de Kaaba. Os tapetes de oração costumam ser muito finos, com seu nós bem densos e suas tramas feitas de seda ou de algodão de alta qualidade. Os materiais usados nos tapetes iranianos são lã, algodão e seda pura. Diz-se que tribos Beluchis usavam tiras de pele de cabra para dar acabamento aos cordões laterais dos tapetes. Alguns dos mais bonitos tapetes do chamado Período de Ouro, séculos XVII e XVIII, era feitos com trama de seda e nó de lã. Os mais caros e de melhor qualidade são os tapetes feitos de trama e nós de seda, e mostram uma esplêndida densidade de nós, aproximadamente 1.000.000 de nós por metro quadrado. No Iran os tapetes de seda são usados para decorar ambientes, como para serem postos no chão. Os tapetes feitos com trama de algodão são mais firmes e caem perfeitamente no chão. Outra vantagem é que eles não se tornam irregulares após serem lavados. A lã iraniana é tingida em larga escala de cores. Cada cor tendo uma grande variedade de tonalidades, as cores naturais variam de branco quase puro ao preto passando pelas tonalidade em marrom.