Sadhana, de Lara Matana
A Galeria de Arte André abre, no dia 25 de outubro de 2022, terça-feira, a exposição Sadhana, da artista paulista Lara Matana. A exposição traz cerca de 30 obras inéditas da artista, cuja trajetória completa 30 anos. Sua técnica peculiar para produzir esculturas em madeira é uma das tônicas do seu trabalho, com filetes de madeira fazendo desenhos orgânicos e abstratos. Nesta exposição, ela apresenta pela primeira vez esculturas feitas em vidro em conjunção com a madeira.
Sadhana VIII, Lara Matana
Lara Matana iniciou seu projeto artístico aos 22 anos, tendo se tornado autodidata. Nascida em Andradina, no interior de São Paulo, ela mantem hoje em dia um espaço que congrega atelier, estúdio de yoga e sua casa em Valinhos (SP). Sua formação passa por diversos cursos livres, e atualmente integra a Academia Brasileira de Belas Artes, ocupando um posto cujo patrono é o pintor Henrique Bernardelli. Já expôs nos Estados Unidos, Europa e em diversas cidades brasileiras.
A madeira como matéria-prima
A artista descobriu cedo a madeira como matéria-prima de seu trabalho. Foi em pedaços de árvores, pó de serra e densos troncos que desenvolveu sua estética com desenhos abstratos inspirados na natureza. Dedica-se ao estudo contínuo de técnicas de escultura neste material, com uma marcenaria montada em seu estúdio de trabalho. A sustentabilidade é uma de suas preocupações, utilizando apenas troncos e madeiras descartadas ou árvores caídas, sempre antenada com a conscientização ambiental.
Sadhana XXVII, Lara Matana
“O vidro como água”
Nesta exposição, é a primeira vez que Lara mostra uma novidade em seu trabalho: o vidro. Ela se lançou a este novo desafio ao trabalhar com a técnica de soprar o vidro para moldá-lo junto a madeira. “Sempre gostei muito da transparência e da possibilidade de trabalhar com formas moldáveis. Tenho trabalhado o vidro na perspectiva do elemento água, como se devolvesse este elemento para as madeiras que estão desidradatas”, afirma a artista. “O vidro se torna semelhante a água quando esquenta, então, esse contato, para mim, é como se pudesse trazer a vida de volta à madeira”, conta.
Outra questão que interessa à artista é a efemeridade. “Tenho trabalhado o instante. A gota do vidro só existe enquanto está caindo, no momento seguinte deixa de existir. Esse instante definidor traz a questão profunda da impermanência na nossa vida”, afirma a artista que trabalha com esses “instantes de permanência” e “instantes de flutuação”, no trabalho com o vidro.
Sadhana XXIII Lara Matana
Arte e Yoga
“Sadhana” é um termo em sânscrito que significa prática espiritual por meio do Yoga, atividade que Lara é adepta e entusiasta. “O Yoga para mim é vital”, conta. Além de artista, Lara também leciona Yoga em seu estúdio. “Diante da sua obra, somos todos praticantes, em busca de uma síntese singular e inesperada da razão e das emoções. A arte incita uma partilha plausível e reconciliadora entre o artista e os espectadores. Lara, por sua vez, nos propõe o percepto sublime!”, afirma a sua mentora criativa, Claudia Silvestre, no texto “Percepto sublime”.
Silvestre diz, ainda: “em se tratando da obra de Lara Matana, (...) a sua práxis envolve uma materialidade física, um labor ardente, uma minuciosidade absurda, mas também uma experiência de pensamento e consciência que transcendem os campos cognitivos e emocionais. Adjacentes a eles, envolve e aspira uma prática espiritual”.
Lara arremata: “Quero propor esses momentos de introspecção e auto-observação para que o público entre nessas multimensões”. E ainda: “não adianta falar de sustentabilidade ecológica se não falarmos da sustentabilidade humana”, diz. Segundo ela, a partir do resgate da humanidade é que será possível para as pessoas pensarem e valorizarem a sustentabilidade e a natureza.
Sadhana III, Lara Matana
A abertura da exposição "Sadhana", de Lara Matana com textos de Claudia Silvestre ocorrerá no dia 25 de Outubro, terça-feira, às 19h e ficará disponivel até 10 de Dezembro de 2022.
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