O encanto das tapeçarias, dos egípcios a Mabe

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Com a valorização dos materiais têxteis bastante evidente no circuito da arte contemporânea em âmbito mundial, o público claramente se interessou mais pelos objetos feitos com tal material, vistos em exposições, feiras, ateliês e em diversas configurações no meio. Afastando-o de um viés exclusivo de artesania, muitas pessoas se questionam sobre a diferença entre tapeçaria e tapete - quando exatamente ele foi parar na parede, ou ao contrário, quando é que foi para o chão?

É difícil saber quando houve o primeiro uso da tapeçaria como obra de arte. Os antigos egípcios e os incas enterravam seus mortos com roupas de tapeçaria. Edifícios civis importantes do Império Grego, incluindo o Partenon, tinham paredes cobertas por eles. No entanto, foram os tecelões medievais franceses que trouxeram o artesanato à fruição estética. Nos séculos 13 e 14, a Igreja Católica reconheceu o valor das tapeçarias na ilustração de histórias da Bíblia para suas congregações ainda não alfabetizadas. As tapeçarias tornaram-se símbolos de status entre a aristocracia na Idade Média. Eles também tinham muito uso prático, fornecendo isolamento para as paredes do castelo, cobrindo aberturas e dando privacidade ao redor das camas.

Críticos e curadores contemporâneos não deixam de analisar esse resgate. Ana Carolina Ralston escreveu na revista Moda, parceria do diário O Estado de S.Paulo e da empresa Fhits, em publicação no último dia 30 de agosto. "Séculos depois, a trama feita de lã, e atualmente também de tecidos mais contemporâneos e sustentáveis, invadiu o universo atual, ganhando linhas assinadas por diversos designers, arquitetos e artistas. Os fios tornaram-se as tintas para a criação de obras que vão de singelas a monumentais", afirma ela no texto Da parede aos pés.

 

 

Para a professora de tecelagem Christabel Balfour, existem diferenças na tecelagem para chão ou para parede, no material, na trama e até no desenho, fazendo com que a tapeçaria do chão sejas resistente, “Mas ao final espero que meus alunos dominem as técnicas e possam criar o que quiserem”, diz ela.

Menos célebres do que as telas, a técnica milenar da tapeçaria já foi explorada por artistas do porte de Francis Bacon, Picasso, Léger, Miró e Vasarely.

No Brasil, um dos artistas que mais soube explorar as tramas têxteis foi Manabu Mabe (1924-1997), que produziu suas primeiras tapeçarias em 1962, mas a maioria dessas peças de sua autoria no mercado datam da década de 70. A Galeria de Arte André apresenta agora uma composição com quatro tapeçarias de Mabe na vitrine principal.

 

Sem título, déc. 70, Manabu Mabe, tapeçaria em petit point, 178 x 200 cm

 

Sem título, déc. 70, Tapeçaria em petit point, 166 x 196 cm

A técnica da tapeçaria também foi explorada por outros importantes artistas nacionais, como o gaúcho Iberê Camargo (1914-1994). Trabalhos de sua autoria podem ser vistos atualmente em uma mostra em Porto Alegre: Iberê Camargo - O Fio de Ariadne. Com curadoria de Denise Mattar, além de tapeçarias, peças em cerâmicas podem ser vistas no recorte, que segue até janeiro de 2021 na fundação dedicada a Iberê.

Tapeçaria de Iberê Camargo

Fontes:

Revista Moda, jornal O Estado de São Paulo, 30/08/20

https://tapestry-art.com

https://www.christabelbalfour.com/

 

 

 

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Galeria de Arte André
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