Toyota e o tridimensional em indagação
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O tridimensional é um dos principais vetores de Abstração em Fricção, coletiva com 28 artistas que se estende na Galeria de Arte André até o final de julho. E, entre artistas de peso da história da arte brasileira presentes, Yutaka Toyota é um dos principais.
O artista nipo-brasileiro tem trajetória das mais interessantes. Nascido em Tendo, no Japão, em 1931, se muda para Tóquio, em 1950, e cursa arte e artesanato, se especializando na pintura charão - uma técnica em laca utilizada especialmente em decoração. Em 1958, emigra para o Brasil, radicando-se em São Paulo e possuindo uma pequena fábrica de artesanias na Liberdade, o tradicional bairro oriental da capital paulista.
Espaço Harmonia, Yutaka Toyota
No início dos anos 1960, chega a morar em Buenos Aires e volta para SP em 1962, já praticando a sintaxe abstrata em suas telas. “(...) Há uma invasão de luz que aclara espaços e que devora cromatismos, tal a sua densidade reflexa”, escreve José Geraldo Vieira (1897-1977) na Folha de S.Paulo, em 1963, acerca da participação do artista em mostra na galeria Ambiente. Em 1965, individual na galeria São Luiz, na Goeldi (RJ) e, principalmente, na 8ª Bienal Internacional de São Paulo, quatro pinturas exibidas, dão ao artista uma envergadura mais robusta no circuito da época.
De 1966 a 1968, mora em Milão e se aproxima de nomes como o de Pietro Maria Bardi (1900-1999) e artistas da cena da cidade ao norte do país peninsular, como Bruno Munari (1907-1998), Enrico Castellani (1930-2017) e Agostino Bonalumi (1935-2013). Sua obra, então, encara o espaço como elemento fulcral e guarda tons filiados à op art.
Já de volta a SP, em 1969, participa da 10ª Bienal, em que é um dos artistas convidados. O êxito da apresentação faz com que o artista desenvolva em grande número e escala as experimentações no espaço.
Espaço Estelar, Yutaka Toyota
“O processo criativo de Yutaka Toyota se constitui a partir de dois estamentos constantes e exatos. O primeiro é a intuição, o sonho, o conceito, nesta ordem. Ele sonha com universos. Yutaka pensa o espaço sideral. E o segundo é o minucioso trabalho de construtor que o leva à busca da forma impecável executada de maneira justa, perfeita, similar ao que a intuição lhe mostrara. Um engenheiro cósmico”, avalia Jacob Klintowitz sobre a produção dele, em 2012.
Em Abstração em Fricção, Toyota tem expostos quatro trabalhos: Espaço Tensão (2019), Espaço Estelar (2019), Espaço Harmonia (sd) e sem título, que atestam a mescla entre rigor e inventividade no labor do artista.
Espaço Tensão, Yutaka Toyota
Sem título, Yutaka Toyota
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