O lirismo em Teixeira e Fukuda
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Dois artistas de origem, abordagem e produção variadas são destaques de Abstração em fricção, coletiva que será aberta em 21 de junho na Galeria de Arte André a exibir 28 nomes com grande desenvoltura nessa linha, tanto em obras pictóricas como tridimensionais.
Walmir Teixeira estreia em individuais no espaço paulistano em 1993 com Conexão com o inconsciente. “Walmir Teixeira retrata a realidade dos vários olhares, travando uma espécie de diálogo com as imagens geradas pelo inconsciente, visão interpretada com sentimento poético próprio, objetivando revelar e transmitir surpreendentes e líricos acontecimentos de sua vida interior”, destaca o texto do catálogo desse début.
Cinco anos depois, nova individual do artista nascido em Palmital (SP) no ano de 1943 ganha texto de Hélio Alves Neves, em que o crítico escreve: “A proximidade com a cultura indígena nos traz a linguagem tupi-guarani simbolizada na sua pintura. O respeito pelos fenômenos naturais, a crença no espiritual o leva a resgatar uma identidade visível na sua obra”. Assim, a valorização recente das culturas indígenas só atesta a atualidade da produção plástica de Teixeira, que apresenta Hechakepe (2010) na mostra deste 2022. “Minha pintura é abstrata e gestual. Não contém formas conhecidas. Eu diria que pinto a minha própria emoção”, frisa o artista nesse recorte de 1998.
E em 2000 Kenji Fukuda (1943-2021) apresenta na primeira individual na galeria uma série de telas em que as relações entre cores, formas, volumes e texturas o colocavam como um importante nome dentro de uma linhagem de artistas nipo-brasileiros, vertente tão trabalhada pela André. “A lírica tarefa de Fukuda, diferentemente de outras manifestações da arte abstrata, está calada de silêncio. Mas não se trata de um silêncio inexpressivo. Pelo contrário, é um silêncio que se vale de si mesmo para criar um diálogo de possibilidades com o contemplador da obra, a partir das sugestões dos títulos”, escreve o crítico Armando Álvarez Bravo (1938-2019) em transcrição da publicação da época.
Kenji Fukuda - 2002
Walmir Teixeira, Hechakepe - 2010
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