Cemitérios abrigam obras de arte do modernismo
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Artistas de diferentes períodos tiveram a arte tumular como um importante ponto de encomendas para seus projetos. Os escultores do modernismo brasileiro não fugiram à regra e realizaram grandes trabalhos, alguns deles obras-primas incontestáveis. Em São Paulo, os cemitérios da Consolação, do Araçá e a Necrópole São Paulo são os principais lócus com essa inspirada estatuária, e Victor Brecheret (1894-1955) assina algumas das principais peças nessa linha.
O sepultamento, “Mise au Tombeau”. Victor Brecheret, 1923. Granito. Cemitério da Consolação, São Paulo
O Sepultamento, Mise au Tombeau (1923) é o mais famoso criado pelo artista ítalo-brasileiro e foi feito para abrigar o post mortem da família Penteado, na Consolação. Brecheret apresentou inicialmente seu trabalho no Salão de Outono de Paris, tenho obtido uma menção honrosa na competição. Olívia Guedes Penteado (1872-1934) morava na capital parisiense e era próxima de vários artistas das vanguardas à época, sendo mecenas de diversos em exposições e aquisições de obras em São Paulo. A configuração do sepulcro se guia por linhas sintéticas que remetem à influência do art déco no estilo do artista.
Anjos. Victor Brecheret, 1950. Bronze e mármore travertino. Necrópole São Paulo, São Paulo
Outra obra-prima de Brecheret é Os Anjos (c. 1950), executada para o sepulcro da família Scuracchio, na Necrópole São Paulo – onde estão instalados alguns dos mais interessantes exemplares de arte tumular na cidade. Uma cruz de bronze orna o centro do conjunto, com uma faceta de cerca de 4 metros feita com mármore travertino e dá um ar monumental ao trabalho. Brecheret também fez outro Anjo (c. 1940) na Consolação, pertencente à família Botti. As feições mestiças da figura denotam a adesão ao espírito modernista e, em especial, à busca de uma identidade nacional.
Um capítulo menos conhecido da produção de Brecheret é a feitura de obras que permaneceram nos EUA. E há uma tumular: o pertencente à família Smith Dillingham, em Honolulu, Havaí. Fica no cemitério Nuuanu e guarda as linhas fundamentais do tridimensional do ítalo-brasileiro.
Brecheret ganhará uma grande exposição-tributo a partir do final de março, quando a Galeria de Arte André organiza, em conjunto com a Fundação Escultor Victor Brecheret, exposição individual que apresentará mais de 50 esculturas, além de desenhos, fotografias e documentação. A mostra aproveita a efeméride do centenário da Semana de Arte Moderna de 1922 para discutir o legado do artista, além de trazer material inédito e pouco visto.
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