Octávio Araújo e José Saboia
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Depois dos marcos comemorativos pelos 60 anos da Galeria de Arte André, realizados no ano passado, é bastante oportuno agora recuperar a importância de dois artistas com fortes elos com a galeria: Octávio Araújo (1926-2015) e José Saboia (1949).
Araújo sempre foi figura relevante dentro da programação de exposições coletivas e no extenso acervo do espaço. Teve grandes laços de amizade com André Blau (1930-2018), fundador da galeria, que comercializava com êxito a produção do artista nascido em Terra Roxa, interior de São Paulo. Negro e penúltimo de 11 irmãos, era filho de um farmacêutico baiano que se mudou para o interior de SP.
Perséfone, 1998
Talvez guiado por um olhar mais que atento à produção de tom surrealista e fantástico, André admirava a obra de Araújo e sua potente liberdade, tanto nos conteúdos figurativos como nas soluções formais que o artista apresentava. Apesar disso, a isolada individual que o artista realiza na galeria, em 1981, traz uma faceta menos conhecida de Araújo. O Desenho e o Feminino tem texto de Jacob Klintowitz e apresenta trabalhos gráficos acerca da figura feminina feitos com materiais como o grafite, a sanguínea e o carvão.
Autodidata, o baiano José Saboia consolidou a sua obra a partir de pinturas que podem ser lidas com fortes contatos com o popular e o naïf. Na única individual que fez na André, em abril de 1985, são especialmente bem-sucedidas as telas em que retrata a torcida do Flamengo, com o mar de figuras pretas mais redondas em consonância com a geometria das bandeiras em vermelho e negro. No catálogo da mostra, o curador e crítico de arte Carlos Von Schmidt (1929-2010) já ressaltara: “A pintura de Saboia, de cunho eminentemente popular, no futebol encontrou curso natural. (...) Um Saboia que joga com as formas, com a estrutura da composição, com massas e volumes, com o contraste das cores, com movimentos e ritmos. Nesses momentos o artista surge em toda plenitude”.
Torcida do Flamengo, 1990
Frenético, 1991
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