Stockinger para além do tridimensional
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Xico Stockinger (1919-2009) ficou conhecido pela excelência da produção escultórica e da identificação com o sul do país, mas trajetória e obra podem surpreender. A infância no interior de São Paulo e seus trabalhos de charge e gravura, por exemplo, são pontos pouco abordados na biografia.
Luiz Eduardo R. Achutti/Divulgação
Francisco Alexandre Stockinger nasceu em Traun, Áustria, e veio para Santo Anastácio (a 600 km da capital paulista), região de Presidente Prudente, SP, em 1921, com o pai, Franz, a mãe, Ethel, e sua irmã, cinco anos mais velha. Eles se radicam fugindo da crise econômica que assola a Europa e vão viver num meio rural e severo. "Onde fomos parar era o fim do mundo (...) Era a colônia brutal", conta ele em entrevista a Marcos Faerman (1943-1999), em livro sobre a sua obra, publicado no ano de 1987.
Em 1929, muda-se para São Paulo junto da mãe e estuda no Colégio Mackenzie, onde tem aulas de desenho com Anita Malfatti (1889-1964). O fascínio pela aviação o leva ao Rio de Janeiro, em 1937, onde ingressa no Aeroclube do Brasil e na Navegação Aérea Brasileira. Faz graduação em meteorologia, dois anos mais tarde. A introdução às artes vem com a assistência a Bruno Giorgi (1905-1993), de 1947 a 1950.
Luiz Eduardo R. Achutti/Divulgação
"Foi no ateliê do Bruno que eu conheci pessoas muito boas, como Maria Leontina, a pessoa mais sensível que conheci na minha vida (...). Quase todas as noites nós íamos para o apartamento de Leontina, que era minúsculo: um quarto e saleta, um fogãozinho e o banheiro, só. Conversávamos, e eu conhecia coisas novas, como o poeta Rainer Maria Rilke (...). Ali apareciam Paulo Flores, um gaúcho, José Pedrosa, Marcello Grassmann, Milton Dacosta e outros. Era uma turma boa, mas ninguém tinha dinheiro; então, o que se tomava era cachaça com vermute", conta o artista na mesma entrevista.
Trabalha como ilustrador, caricaturista e chargista para veículos como Suplemento Juvenil, Contos Magazine, Diário Carioca, Última Hora e A Hora, jornal responsável por, em 1954, o artista mudar-se para Porto Alegre, onde residiria até falecer. Na capital gaúcha, desenvolve a sua produção de gravuras, em especial a xilogravura.
"Sua mudança para Porto Alegre, sem ateliê de escultura, e um maior produção gráfica como ilustrador fariam dele definitivamente um gravador", avalia Grassmann, amigo de toda a vida, sublinhando a influência de Oswaldo Goeldi (1895-1961) sobre tais séries gráficas.
Mulher - Stocking
No tridimensional, robusta parte de sua produção se vincula à estética expressionista, utilizando especialmente o metal. A partir dos anos 70, materiais como o granito e o mármore vão provocando na feitura das peças preocupações formais que fogem da figuração. Obras públicas vão sendo encomendadas, em especial no Estado onde mora, e ajudam a fazer de Stockinger um nome incontornável na escultura brasileira.
Mulher
Corpo de mulher em bronze [...]
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