Exposição de Maria Alice Milliet traz ao MAM relações modernistas entre artes visuais, design e arquitetura
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Composição com figuras, 1925, Regina Gomide Graz
A Semana de 22 continua a motivar novas perspectivas e eventos acerca do marco do modernismo na arte brasileira, prestes a completar o centenário. Atualmente em São Paulo, a exposição mais importante nesse sentido é Desafios da Modernidade - Família Gomide-Graz nas Décadas de 1920 e 1930, com curadoria de Maria Alice Milliet. As 80 obras exibidas até 15 de agosto no MAM-SP (Museu de Arte Moderna de São Paulo) trazem um ar fresco a respeito das junções entre artes visuais, design e arquitetura a partir da leitura feita por Milliet, também historiadora e crítica de arte.
Tapete, déc. 1930, Regina Gomide Graz
"A modernidade do trabalho desses artistas vem da dissolução de fronteiras e hierarquias entre modalidades artísticas e da atividade projetual dedicada à criação de murais, vitrais e tapeçarias, em diálogo com a arquitetura"
O nome do suíço John Graz (1891-1980), participante do evento histórico sediado no Teatro Municipal paulistano, em geral não é lembrado com força, mas sua contribuição para o avanço da modernidade em território nacional é indubitável. Ao lado dele, a obra têxtil de sua mulher, Regina Gomide Graz (1897-1973), e a multifacetada produção do irmão dela, Antonio Gomide (1895-1967), também trouxeram novidades - todos estudaram belas artes em Genebra, Suíça - no ainda pouco vanguardista circuito cultural brasileiro. As telas de Graz Ciprestes em Toledo (Paisagem de Espanha), de 1916, e Paisagem de Espanha (Puente de Ronda), de 1920, foram apresentadas na Semana de 22 junto de outras seis pinturas de sua autoria e trazem um cubismo de tons baixos e menos ostensivos para a seção pictórica do evento.
Pastoral, 1926, John Graz
"A modernidade do trabalho desses artistas vem da dissolução de fronteiras e hierarquias entre modalidades artísticas e da atividade projetual dedicada à criação de murais, vitrais e tapeçarias, em diálogo com a arquitetura. Seu público: a elite simpatizante do modernismo, viajada e culta, de cafeicultores em decadência e industriais em ascensão", escreve a curadora no texto introdutório da mostra.
Índios, déc. 1930, Regina Gomide Graz
No conjunto apresentado no museu localizado no parque Ibirapuera, o público certamente se surpreenderá com a produção de Regina, com peças raramente exibidas e que, dentro dos ambientes construídos pela curadoria, exalam seu vigor até hoje. Uma pesquisa sobre as tecelagens indígenas e a herança construtiva da escola Bauhaus se coadunam na produção da artista, desafiando definições estanques a seu respeito. Já de Gomide, também expoente do art déco praticado pelos outros dois artistas, há aquarelas de irrepreensível qualidade, já destacadas por críticos-chave da época, como Sérgio Milliet (1898-1966).
Ex-diretora da Pinacoteca do Estado e do próprio MAM paulistano, Maria Alice Milliet escreveu capítulo importante de Galeria de Arte André - 60 anos, 1959-2019, livro comemorativo sobre a galeria com mais tempo em atividade na cidade de São Paulo.
Livro Galeria de Arte André 60 anos
Imagem capa:
Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo
Fotógrafo: Romulo Fialdini
Imagem 1:
Coleção Fulvia e Adolpho Leirner
Fotógrafo: Isabella Matheu
Imagem 2:
Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo
Fotografia: Romulo Fialdini
Imagem 3:
Acervo Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand
Doação Fulvia Adolpho Leirner, 2018
MASP.10741
Fotografia: MASP
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