Documentário expõe perigos das obras falsas e sua circulação
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Chegou à Netflix um filme que desconcerta até os mais habituados aos movimentos do mercado de arte. O documentário Fake Art : Uma História Real, lançado em fevereiro na plataforma, é dirigido por Barry Avrich e tem 1h e 34 minutos que passam bem rapidamente por meio de uma trama surpreendente - e que aconteceu.
Grosso modo, trata-se da história que levou à bancarrota uma das maiores e das mais antigas galerias de Nova York, a Knoedler Gallery, com mais de um século de tradição. O espaço esteve envolvido durante 20 anos com vendas de trabalhos falsificados, com um rol de nomes que impressiona: Pollock (1912-1956), De Kooning (1904-1997), Motherwell (1915-1991) e Kline (1910-1962), entre outros.
A Galeria Knoedler realizou exposições de mestres como Matisse
Todas as obras eram apresentadas por uma art dealer chamada Glafira Rosales, que contava diferentes histórias sobre a procedência. Ao longo do tempo, as peças foram apresentadas para avaliadores e colecionadores que não identificaram as falsificações. A grande questão que permanece durante todo o longa é se Ann Freedman, diretora do estabelecimento, e o dono da galeria sabiam ou não da fraude. As obras eram adquiridas por um valor muito abaixo do corrente no mercado.
Por esta obra de Rothko, a Knoedler pagou U$950 mil a Glafira Rosales e foi vendida por U$8.3 milhões
Posto isso, vem outra questão: é possível comprar uma obra muito abaixo do valor praticado em geral por uma oferta tentadora e de ocasião? O documentário apresenta com ironia o funcionamento de todo esse ecossistema tão singular que é tal mercado. Marchands, avaliadores, críticos, diretores de museu, curadores, galeristas e colecionadores são ouvidos para traçar um não muito elogioso panorama sobre tal área, que movimenta cifras de peso mundo afora. Para leigos, é possível entender de forma didática algumas peculiaridades do circuito, como os fatores de legitimação das obras e o que orienta a compra, a negociação e transações variadas nesse sistema. São apresentados detalhes como, por exemplo, o perfil psicológico dos colecionadores, a recepção no mercado secundário e o que levou à identificação da enorme fraude, em um ambiente ainda muito propenso à especulação.
Glafira Rosales vendeu mais de 60 obras falsas atribuídas a artistas renomados como Jackson Pollock, Mark Rothko e Willem de Kooning.
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