Roitman completa 30 anos de Galeria André

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Entrar no ateliê de Herton Roitman em 2021 é como abrir um relicário de preciosidades de diferentes tempos. E parece que as coisas não mudaram desde que a jornalista Laura Greenhalgh o fez em 2005 com seu relato. "Indecifrável apesar de ultracodificado, despojado apesar de solene, ordenado apesar de errático", reflete a jornalista no texto "No fundo, é sempre o mesmo azul..."

Roitman explora amplamente os materiais, resíduos e objetos que encontra na cidade. Recolhe e coleciona até que um dia chegue o momento de fazerem parte de inusitadas combinações. Em seu ateliê, é possível encontrar peças de equipamentos eletrônicos obsoletos, livros antigos, rolos de filme de cinema, peças em madeira, concreto e pedras. Da sua relação com o figurino ficou a obsessão por adereços e bijuterias que encontra em brechós. Também utiliza objetos domésticos e decoração que encontra em feiras de antiguidades. 

Muitas destas peças farão parte de suas obras de arte, esculturas e instalações que cria, produzindo narrativas e significados a partir de seu olhar sobre a cidade e a vida cotidiana de seus habitantes. 

"O artista ganha dimensão quando o trabalho toca o outro, quando você acrescenta alguma coisa nova ao mundo, a arte existe para o olhar do outro." 

Herton Roitman

 


 

 

 

 

 

 

 

"O artista ganha dimensão quando o trabalho toca o outro, quando você acrescenta alguma coisa nova ao mundo, a arte existe para o olhar do outro." Roitman

 

Despertou para a arte aos 11 anos no ateliê da mãe estilista. Nesse ambiente conheceu a moda e os materiais que inspiraram sua primeira vocação como figurinista. Também exerceu durante muitos anos a profissão de cenógrafo de teatro e produzindo shows. Assim, participou de apresentações de Chico Buarque, Cida Moreira e Elis Regina, entre outros.

Sempre desenhou por intuição, mas foi a partir da década de 80 que passou a se dedicar às artes visuais. Nesse meio, foi premiado com a Medalha de Ouro na 12ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1973. Seus trabalhos estão presentes em países como Argentina, Itália, França, Chile, Holanda, Alemanha e Estados Unidos. Neste ano, completa três décadas na Galeria de Arte André. 

 

 

Seu trabalho, nas últimas décadas, evoluiu para uma redução formal geométrica com exploração de texturas inusitadas. A fonte de inspiração é a cidade. "Gosto da poesia da cidade, das superfícies, observo as janelas, o efeito das luzes e dos reflexos, a textura das paredes, das ruas, das marcas das enchentes", diz ele.

Na confecção do seu trabalho, experimenta tudo ao seu alcance: lixa papéis, aplica colagens de tecidos na tela e em diferentes camadas de tintas até chegar no resultado final.

 

 

O estilo presente nas obras disponíveis na André são os geométricos em telas, colagens, assemblages e gravuras. E caiu no gosto dos clientes e arquitetos ao longo dos anos. "Quando você tem seu trabalho reconhecido por uma galeria como a André, que aposta na sua arte, estabelece essa conexão com os clientes, realiza exposições de porte, é muito gratificante. É importante você ter esse feedback do seu trabalho", avalia. Entre individuais e coletivas, já participou de dez mostras no espaço.

 



Fonte:

"No fundo, é sempre o mesmo azul..." Laura Greenhalgh 2005

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