A pintura dos pequenos e contínuos movimentos de Teruz
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Um caminho entre a tradição e a modernidade. Assim pode ser resumida a trajetória do artista carioca Orlando Teruz (1902-1984), cujas obras têm cada vez ganhado mais revisões críticas. Suas narrativas sobre as vidas prosaicas e despretensiosas dos subúrbios cariocas (mas não só) - ele próprio um egresso de Encantado, zona norte da cidade - tinham elementos formais presentes em boas pinturas, contudo o tratamento destacado para as bordas urbanas o aproximou de nomes da modernidade nas artes visuais da sua época.
Favela, óleo sobre tela
A Galeria de Arte André possui diversas telas do artista no acervo e as exibiu em variadas exposições. Nelas, aparecem algumas investigações caras ao olhar do artista, em especial as pequenas movimentações do dia a dia das periferias. São os moradores dos casarios em suas janelas atentos à vida das ruas, as simples brincadeiras da molecada nas vias de terra batida, as meninas a se divertir pulando corda.
Vilarejo morro Rio de Janeiro, óleo sobre tela
Carlos Heitor Cony (1926-2018) um de seus principais críticos, assim viu a obra do amigo artista: “As ruas irregulares, os personagens de sempre, o cavalo, o cachorro, o menino soltando pipa, a moça levando a lata d’água - tudo carioca, íntimo, sem a denúncia social óbvia de outros pintores mais politizados, mas a mesma simplicidade da paisagem brasileira urbana, com a sua pobreza assumida e resignada”, analisa o escritor em monografia sobre o artista datada de 1985.
Mulher com criança, óleo sobre tela
Em telas como Mulher com Criança (1973) e Favela (s.d.), apresentadas na coletiva Cotidiano, em 2012, na André, por exemplo, é patente observar como a perspectiva de Cony se revelava certeira. Tal qualidade pode se estender aos outros trabalhos do acervo, como Nu (s.d.) e Paisagem de Ouro Preto (1967).
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