Terracotas de Brecheret revelam técnica de modernista

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A produção escultórica de Victor Brecheret (1894-1955) vem a ser um dos pontos altos do tridimensional na história da arte brasileira. Após a realização da grande retrospectiva Brecheret, 1922-2022 – Nos Passos da Modernidade, a Galeria de Arte André volta a ter novas peças do artista ítalo-brasileiro. Anjo, Madona e São Francisco são trabalhos que trazem o apuro técnico de Brecheret na linguagem, neste caso na utilização da terracota, que confere ao trio uma materialidade algo essencial e rústica muito atrativa. Além disso, atesta que ele também foi mestre na estética sacra na arte nacional.

 

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Vista da exposição "Brecheret, 1922-2022 – Nos Passos da Modernidade"

 

Oriundo de família com parcos recursos financeiros, Brecheret teve de abraçar uma labuta contínua a fim de obter o merecido reconhecimento em um meio de atuação muito mais franqueado a artistas integrados à burguesia da época.

 

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Victor Brecheret, Anjo, Dec.50 - Terracota

E foi o excepcional lidar com a escultura, linguagem de poucos mestres na arte nacional, que possibilitou a Brecheret um êxito que extrapolou as fronteiras do nosso país. Também não se intimidou com as escalas grandiosas, dada a habilidade pela qual assinou marcantes peças públicas, algumas de âmbito monumental. Ao mesmo tempo, era capaz de produzir tridimensionais de pequena monta, quase obras de câmara, mas de intenso lirismo, técnica e originalidade.

 

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Victor Brecheret, Madona, Dec.30 - Terracota

O repertório também abarcou um espectro alargado, dos cânones clássicos a uma renovada leitura das imagens indígenas, eixos que sempre geraram realizações de indubitável solidez conceitual e estética.

Além das peculiares configurações da Semana de 22, pode se analisar que a obra de Brecheret é representativa quando nos detemos na imagem de uma metrópole em construção. Com uma sedimentada formação clássica – que fez com que tridimensionais de sua autoria explorassem volumes e massas, em especial -, o arrojo gráfico e formal engendrado pelo artista possibilitou que sua assinatura em peças de âmbito público criasse, assim, marcos simbólicos da pujança econômico-social de SP dentro do contexto brasileiro. Trabalhos de grandes proporções como o Monumento às Bandeiras (1953), no parque Ibirapuera, e o Duque de Caxias (1960), na praça Princesa Isabel, entre outros, fizeram com que seu trabalho se perenizasse na arte brasileira.

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Victor Brecheret, São Francisco, Dec.50 - Terracota

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Galeria de Arte André
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