Aun e Gonzalez exploram plasticidade que foge do racional

Durante o período de exibição na Galeria de Arte André de Surrealismo, 100 – A Mão, A Ideia e O Olhar em Movimento, dois artistas com boa amostragem da produção chamaram a atenção dos visitantes. Claudio Aun (1943-2018) e Francisco Gonzalez (1954), ambos artistas paulistanos, atestaram o vigor de uma poética que foge do racional, mas, ao mesmo tempo, não abdica da exploração de aspectos fortemente plásticos.

 

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Obras de Francisco Gonzalez em Surrealismo 100: a mão, o olhar e a ideia em movimento

Aun tem no tridimensional sua faceta mais conhecida e, nesse sentido, Espera é uma peça que não deixa de surpreender. Em bronze e de escala generosa, a figura em vestes escorridas que tem um cabide na parte superior gera um desconcerto no observador. É quase o oposto da estratégia de Luminária Livros, em que óculos pousam em livros sobrepostos, num volume elegante e com luz que harmoniza o conjunto. A figura humana de Anjo Portal também não parece pacificar os espíritos, em seu movimento de segurar ou empurrar um portal/lápide. A figura que mimetiza elementos de ordem animal e vegetal de Maternidade traz mais enigmas que conclusões taxativas.

 

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Maternidade, Claudio Aun - Bronze

Aun iniciou sua trajetória no final dos anos 1960 e participou de variadas exposições em países como EUA e França, sendo professor por muito tempo no Rio de Janeiro, onde se radicou. Teve obras exibidas em importantes compilações que exploravam o estilo surrealista no país.

 

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Espera, Cláudio Aun - Bronze

Já Francisco Gonzalez não abandonou a cidade natal, São Paulo, e neste 2024 não cessa de produzir. Os trabalhos variam entre pintura, desenho e objeto. Ativo desde os anos 1970, fez parte do importante Grupo Guaianases, com artistas de origem proletária que se reuniam na zona leste de SP. Entre eles, estavam Decio Sonsini e Antonio Vitor (1942-2011). Eles se reuniam em torno da galeria Paulo Prado, nos Jardins, onde participaram de diversos projetos, até o fechamento do espaço, nos anos 1990.

 

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Da direita para a esquerda - Paisagem Ventilada e Jardim Suspenso, Francisco Gonzalez

Em Surrealismo, 100 – A Mão, A Ideia e O Olhar em Movimento, Gonzalez teve uma dezena de peças apresentadas. O recorte pictórico foi destaque, em que a figuração do artista, que por vezes se opôs à abstração mais corrente do mercado, tem forte lastro no surreal e atesta um vigor técnico invejável. Entre as telas, chamaram a atenção Paisagem Ventilada e Jardim Suspenso.

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Galeria de Arte André
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