O complexo processo da autenticação de obras de arte
Depois de recentes casos divulgados pela imprensa especializada sobre a veracidade em questão da autoria de obras de Maria Lira Marques e Tarsila do Amaral (1886-1973) colocadas no mercado paulistano – leia mais nos links ao final do texto -, é importante para quem adquirir obras de arte se resguardar e não ser ludibriado.
Uma primeira atitude a comprar peças, em especial aquelas atribuídas a nomes de peso e, por isso, de maior valor, é atestar a procedência delas. Por isso, é recomendável pesquisar em quais galerias o artista trabalhou em vida (e se o espaço ainda existir, pesquisar quais as peças disponíveis e o histórico dele em tal estabelecimento), pedir a documentação da peça em questão – por exemplo, às vezes os selos atrás de cada obra demonstram por onde foi exposta em anos anteriores, mas isso não é um indicador definitivo -, de qual coleção é originária, se há documentos acerca de transações anteriores, os registros em publicações de época etc.
Outro dado importante são os institutos que em geral administram os espólios ou dão a garantia se os trabalhos em questão são verdadeiros. Em casos recentes, numerosas obras de Tarsila e Volpi (1896-1988) não obtiveram a autenticação, mesmo pertencentes a colecionadores de peso. A responsabilidade nos casos foi conferida por institutos e comissões organizadas para tal função – os dois artistas também possuem um raisonné, ou seja, um catálogo completo de obras.
Tarsila do Amaral (foto de 1925 - O estado de São Paulo)
E, em geral, além da opinião fundamentada de historiadores de arte e especialistas nos referidos artistas, há um embasamento técnico. Fazer análises laboratoriais para datar os materiais empregados, além de poder investigar os processos técnicos que podem ser encontrados no próprio trabalho, são estratégias fulcrais para a emissão dos certificados de autenticidade. Em geral, peritos especializados nesse tipo de investigação são requeridos.
Mesmo com todas as precauções, existem casos internacionais célebres de aquisições de veracidade duvidosa. O Getty Museum, de Los Angeles, por exemplo, comprou Head with Horns, atribuída a Gauguin (1848-1903), por mais de US$ 3 milhões. Especialistas mais recentemente refutaram a autoria da escultura e hoje mostras importantes sobre o vanguardista não incluem tal peça.
Leia mais:
https://www.theartnewspaper.com/2020/01/28/bedevilled-multi-million-getty-gauguin-is-a-fake
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