Veneza elege ‘diáspora’ italiana como um dos eixos e apresenta Pennacchi e modernistas brasileiros
A 60ª edição da Bienal de Veneza, a mais tradicional mostra de arte em âmbito mundial, terá como um dos eixos a obra de artistas italianos que se radicaram em outros países, principalmente durante a construção do modernismo nesses locais adotados e do Sul global. Intitulada Stranieri Ovunque - Foreigners Everywhere, a exposição ficará em exibição na cidade italiana de 20 de abril a 24 de novembro deste ano.
Os 332 artistas foram anunciados pelo curador Adriano Pedrosa na última quarta, dia 31 de janeiro, e incluem 30 brasileiros, desde nomes históricos como Victor Brecheret (1894-1955), Di Cavalcanti (1897-1976), Tarsila do Amaral (1886-1973), Cicero Dias (1907-2003), Portinari (1903-1962), Maria Martins (1894-1973) e Ismael Nery (1900-1934), até contemporâneos, como a carioca Beatriz Milhazes.
Carnaval, Di Cavalcanti - óleo sobre tela
Desses, o anúncio do nome de Fulvio Pennacchi (1905-1992) surpreendeu e alegrou a Galeria de Arte André, que completa 65 anos de atividade neste ano de 2024. O artista italiano que se radicou em São Paulo e fez parte do grupo Santa Helena, também composto por artistas nascidos ou com raízes fora do país, como Volpi (1896-1988), Rebolo (1902-1980) e Bonadei (1906-1974), tem laços fortes com a galeria. Em outubro de 1982, por exemplo, é com uma individual de Pennacchi que a galeria passa a ocupar o tradicional endereço da rua Estados Unidos, nos Jardins, SP.
Vilarejo com montanhas, Fulvio Pennacchi - óleo sobre tela
“A chave da minha obra tem basicamente origem nos estudos que, por muitos anos, desenvolvi pintando naturezas-mortas, paisagens e na execução de desenhos de centenas de figuras típicas e características dos lugares onde estive”, escreve o próprio artista no catálogo da sua primeira individual na André. O artista teve recortes desse tipo na galeria, além do début solo em 1982, em 1984 e em 1987, todos quando estava atuante.
Aldeia com figuras caminhando, Fulvio Pennacchi - óleo sobre placa
Stranieri Ovunque - Foreigners Everywhere finca o interesse em exibir a produção derivada de artistas que passaram por tais deslocamentos continentais e destaca como nunca a produção latino-americana – 114 dos 332 nomes são da região. Além dos 30 brasileiros, chama a atenção os 16 argentinos, entre contemporâneos como Mariana Tellería e Chola Poblete (em exibição na edição vigente do Sesc Videobrasil, em SP) e históricos como Emilio Pettoruti (1892-1971), Clorindo Testa (1923-2013) e Elda Cerrato (1930-2023), que esteve na mais recente Bienal de São Paulo, no ano passado. Testa e Cerrato eram naturais da Itália.
Fotos
Compartilhe