Histórias menores, introspecção e religiosidade em Fulvio Pennacchi

Egresso do grupo Santa Helena, Fulvio Pennacchi (1905-1992) desenvolveu uma relação de intensa atividade com a Galeria de Arte André, ganhando individuais e sempre presente no acervo do espaço e em numerosas exposições coletivas. Assim como a maioria dos artistas do grupo – Volpi, Rebolo e Bonadei, entre outros - que se reunia em salas no edifício Santa Helena, na Sé, nos anos 1930-40, a obra vem recebendo novas leituras atualmente.

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Fulvio Pennacchi - s.d. ('Fulvio Pennacchi, seu tempo, seu percurso' de Valério Antonio Pennacchi)

A produção gráfica do artista guarda muito do que é valorizado em pinturas e tridimensionais: o cotidiano visto como menor, mas cheio de simbolismos e sentimentos essenciais, de trabalhadores e famílias fora de uma centralidade; cores e luzes não ostensivas, em composições de discretas proporções; e uma elaborada captação do que podemos chamar de graça, a transbordar em cada trabalho, mesmo que não diretamente ligado ao religioso.

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São Francisco, Fulvio Pennacchi - Serigrafia - 1989

“Artífice de afrescos religiosos, ilustrador da vida dos povoados do interior, do tempo em que para lá viajava, retratista, ceramista, mestre. Dono de um profissionalismo escrupuloso, laborioso, sem fazer, isolado e forte no esquivar-se aos fáceis barulhos da publicidade tamborejante e fastidiosa, renunciando aos compromissos não cabíveis com a própria consciência, perseguindo firme seus ideais morais. Fulvio nos faz pensar naqueles artistas de sua terra natal que, honestos e persistentes, atenderam ao trabalho sem se impressionar se os seus modos podiam parecer superados”, escreve Pietro Maria Bardi (1900-1999) por conta da retrospectiva do italiano no Masp (Museu de Arte de São Paulo) em 1973.

Continua o histórico crítico e marchand: “Pennacchi é o pintor que compõe a vida interior, pode-se dizer, uma vida que já não é mais, pois o progresso vai dilatando e modificando, poluindo uma atmosfera tão limpa e pura”.

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Retorno da Lavoura, Fulvio Pennacchi - Serigrafia - 1990

A André tem no acervo dezenas de trabalhos do artista, destacando-se as gravuras. Vila Toscana, Retorno da Lavoura e São Francisco, entre outras obras, atestam as qualidades mais introspectivas e menos ostensivas da produção de Pennacchi.

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Vila Toscana, Fulvio Pennacchi - Serigrafia - 1990

“Sabe ver e expressar o cotidiano com o lirismo que só aos poetas é dado observar. Transmite nas cenas religiosas o humano dos santos, não para diminuí-los na sua santidade mas para irmaná-los aos homens. Na obra de Pennacchi, quer nos painéis, nos quadros de dimensão média ou mini (do qual foi um dos iniciadores, entre nós), quer nos temas da vida infantil, do mundo sofrido dos adultos, na vida dos santos, a constante é sempre a mesma: lirismo, pureza, esperança, harmonia e serenidade”, avalia Aldo Bonadei (1906-1974), parceiro de Pennacchi no Santa Helena, para a mesma exposição de 1973.

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Galeria de Arte André
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