Multimuro celebra arte indígena
Multimuro celebra arte indígena
O Projeto Multimuro ganha a segunda edição exaltando a contribuição essencial dos povos originários, inclusive por meio das artes visuais. Tendo como marco a comemoração do Dia dos Povos Indígenas, em 19 de abril, uma das fachadas do perímetro da Galeria de Arte André, na avenida Rebouças, vai abrigar o mural de Tamikuā Txihi (Pau Brasil, BA, 1983) intitulado Ikhãpohehaw. Tamikuā nasceu na Bahia, pertence à etnia dos Pataxós e vive na comunidade Tekoa Itakupe, no Jaraguá, nos limites da região noroeste da cidade de São Paulo.
“A arte é uma ferramenta de resistência e reativação da memória dos povos originários”, afirma a crítica e curadora Ana Carolina Ralston, que coordena o programa. “Levar sua imagem a um espaço de grande circulação é uma forma de trazer o espírito da floresta de volta ao seu espaço de origem”, continua ela, enfatizando a importância do trabalho se situar em um dos pontos nevrálgicos da capital paulista.
Tamikuā Txihi durante o processo com o mural
Tamikuā realizou para o mural cinco expressões de uma onça, animal com o qual a artista tem fortes ligações desde a infância. “Para a artista, a onça-pintada é o símbolo da luta pela vida do seu povo”, analisa Ralston. Tamikuā participou de numerosas mostras e tem atualmente em cartaz mural de sua autoria exibido numa das paredes do Museu das Culturas Indígenas, na Água Branca, em SP.
O Projeto Multimuro tem o objetivo de incentivar pinturas murais desenvolvidas por artistas contemporâneos que façam da relação entre a urbanidade cotidiana e a arte pública um laboratório de suas poéticas particulares Teve o início oficial em junho de 2021, quando a artista Verena Smit (São Paulo, 1984) desenvolveu para uma das fachadas da Galeria de Arte André, situada na avenida Rebouças, mais um desdobramento da série Tudo Vai Pulsar.
Anteriormente, Filipe Grimaldi (São Paulo, 1985) fez uma intervenção no mesmo muro, Coragem, no final de 2020. Também uma tiragem de peças gráficas foi disponibilizada para venda ao público. E João César de Melo (Belo Horizonte, MG, 1972), à época representado pela galeria, assinou pintura mural que foi exibida anos a fio na fachada. O muro ganhou mais altura e foi reformado em 2020. Antes, em 2010, Eduardo Kobra (São Paulo, 1975) realizou Muro das Memórias, retratando nomes-chave da MPB como Noel Rosa (1910-1937) e Adoniran Barbosa (1910-1982).
Nos mais de 60 anos da Galeria de Arte André, a temática indígena foi valorizada e exibida em exposições individuais e coletivas. Os artistas Élon Brasil (Niterói, RJ, 1957) e Walmir Teixeira (Palmital, SP, 1943), por exemplo, têm produção de fortes elos com a cultura dos povos originários.
Para descobrir mais sobre o projeto clique aqui.
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